quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Em Memória dos Desprovidos de Sorte

Ontem vi uma coisa comovente. Entrei na sala, a família toda reunida assistindo a novela das 8h. Fim de novela, hora dos depoimentos. Vi uma coisa chocante. A dor dos pais do menino João Hélio. Algum tempo atrás, se eu não me engano uma semana após esse lamentável crime - sim, porque não foi acidental, as criaturas que fizeram isso com ele não são humanos, agiram propositalmente - eu não sabia de absolutamente nada a respeito deste assunto. Nem sabia quem era esse garotinho. Através do meu amigo Verdinho, que obtive conhecimento do caso. Incrível. Não tem o que discutir. Como o ser humano chega a tamanho nível de maldade e inconseqüência? O que será que passa na cabeça de um cidadão que sai por aí, matando gente por até mesmo por um mísero real? Pessoas que não possuem noções de cidadania, educação, respeito, e o mais importante, dignidade. Não tem essa de sempre culpar o governo pelas barbaridades que acontecem por aí. A maior parcela de culpa, é do Poder sim, mas a outra parcela, é de dentro de casa mesmo. Falta de estrutura familiar. A família é a base de uma pessoa... Eu tiro por mim. Mesmo não tendo uma relação muito próxima da minha família, eu procuro estar por perto, assistindo as coisas. E sei que quando eu precisar (como coisas que aconteceram ultimamente na minha vida que não vale a pena contar) eles estarão lá, me apoiando sempre, mesmo com aquela coisinha básica de família - Intrigas, falatório diário, etc, etc... A questão é: O individual de cada um. Tem gente por aí em condições péssimas, na miséria, passando fome... mas nem por isso estão por aí, mundo afora assaltando e matando. Essas pessoas não se rebaixam ao submundo, na tentativa de sobreviver, elas se adaptam a triste situação, fazem - como diz a minha mãe - 'das tripas coração'. Eu não julgo as pessoas. Não tenho poder pra isso, mas sei criticar construtivamente e não possuo os olhos vendados para a verdade. Esse tipo de assunto é revoltante, mas ao mesmo tempo muito complexo. Divide opiniões. Eu penso que se estivesse no poder, acabaria de vez com essa bárbarie toda, punindo severamente quem se opusesse no caminho da justiça. Não tem que pensar que o menor é desfavorecido, porque é começando desde de pequeno, aprendendo todas as artimanhas, que se formam os marginais de hoje. Eu sou totalmente contra a passar a mão na cabeça de menores. Tem que ir pra um reformatório, e dependendo do crime que cometeu, já teria passaporte carimbado pra cumprir pena em regime fechadíssimo. Aí entraria o governo, assumindo a total responsabilidade pelo restante das 'ervas daninhas'. É focar na educação, na fonte de subsistência, no trabalho e oportunidades.
Eu sou muito medrosa... Já fui assaltada (o assalto não foi completo, porque eu tive muita sorte e corri) na frente do meu condomínio. Estava chegando com uma amiga minha, pela parte da noite, e a guria vinha com o celular na mão, mexendo... Não deu outra. Vinham dois sujeitos suspeitos subindo a rua. Parece que eu tive um Deja Vú (A cidade não é tão perigosa assim, mas também, pela parte da noite, não podemos facilitar não é mesmo?) daquela cena toda. Eu tive até a esperança de que ele viesse só perguntar as horas. Mas foi em vão. O sujeito fez a curva (sim, o
outro graças a Deus tinha ido embora) e foi tirando uma arma preta debaixo da blusa. Analisando depois do ocorrido, eu cheguei a conclusão que aquilo podia ser de brinquedo... E pensei também que o cara era tão magrelo, mas tão raquítico, que se eu tivesse dado um chute nos países baixos dele e outro chute que nem aqueles chutes de karatê (uma vez eu apliquei um golpe famoso, pontuação completa num amigo meu sem querer, mas era de judô, tal de 'Ippon' Foi totalmente inusitado! Hehe), ele teria tido uma noite bem diferente. Mas como nem tudo é filme, voltando a realidade trágica daquela noite, o cara disse 'Passa o celular e não corre, se correr eu meto bala'... mas parece que simplesmente ele tinha virado pra mim e tinha dito 'Corre minha filha! Corre', porque foi exatamente o que eu fiz. Em 2 segundos passou tudo pela cabeça - eu puxo o braço da minha amiga e corro? Não, não, ele pode atirar nas duas... Eu fico aqui e chuto ele? Não - mas de sopetão parece que me deram um chute por trás e eu desatei a correr. Me impressionei com a velocidade que eu atingi, e tava rezando pro portão do prédio estar aberto. Cheguei rindo pra caramba, e em seguida minha amiga. Quando nos vimos, desabamos em lágrimas. Pra ver a reação de cada um... tem gente que até hoje diz pra mim 'Ô, bala não tem freio não'. Mas é verdade. Talvez eu tenha tido sorte.

A sorte que muita gente não teve.

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